A Residência da Senhora d’ Aires, está situada nos arredores de Évora, a cerca de 15 km a sul da capital do Alentejo, na aldeia de Aguiar, na estrada nacional 254, que liga a cidade a Viana do Alentejo.
Foi buscar a sua invocação a Nossa Senhora d’ Aires, Santa Maria, Mãe de Deus, a quem está consagrado o vizinho santuário do mesmo nome, erigido no séc. XVIII no local onde existia já uma antiquíssima ermida, consagrada inicialmente a Nossa Senhora da Piedade.
Na área envolvente do Santuário de Nª Sra. d’Aires encontraram-se vestígios da civilização romana, falando-se de uma povoação de nome «Arês» ou «Ares». Antigamente, quando se fazia referência à Santa, escrevia-se Ares («ares de Santíssima Maria») em vez de Aires. O nome atribuído à Santa pode ser consequência da localização do Santuário no local dessa possível povoação antiga designada Arês.
O aparecimento da imagem da Senhora d’Aires tem uma lenda que se encontra expressa numa inscrição na portada do Santuário. É um verso em latim, que relata que após a expulsão dos mouros destas terras, um lavrador arava o campo quando encontrou dentro de um pote de barro a imagem que se vê no altar.
Em 1748, existindo em Évora uma enorme epidemia de peste, os comerciantes dessa cidade prometeram à Virgem Srª d’Aires uma festividade se a peste desaparecesse. Como tal se verificou, os comerciantes realizaram festas durante três dias em honra da Santa. No ano seguinte as festas foram ainda maiores, com afluência de devotos não só de Évora mas também das populações vizinhas. Já nesse ano se montaram em redor da igreja muitas barracas de géneros alimentícios e de olaria. As festividades tiveram grande incremento e as barracas de mercadores começaram a ser tantas, que o Senado Vianense obteve o alvará em 1751, que declarava que o mercado realizado junto à igreja fosse considerado feira franca. Esta realiza-se desde então todos os anos no quarto domingo de Setembro.
A fé popular é comprovada através da Casa dos Milagres, cujas paredes estão totalmente revestidas de ex-votos, constituindo um dos mais curiosos “museus” de arte popular do país, onde as pessoas colocam o pagamento das suas promessas à Protetora. Destacam-se os ex-votos mais antigos, que são criações populares pintadas sobre tábua, tela e chapa cúprica, datando o mais antigo de 1735, trasladado possivelmente da anterior ermida.
Atualmente os ex-votos assumem a forma de fotografias, figuras de cera, bordados, painéis de azulejo, vestidos e bouquets de noivas, etc.. Todos os crentes da Santa, espalhados pelo país inteiro, sobretudo alentejanos, que se deslocam a Viana do Alentejo essencialmente na altura da feira, depositam aqui os pagamentos das promessas e agradecimentos a Nª Senhora d’Aires.
Uma outra tradição consiste numa romaria a cavalo, com origem na Moita, no último fim-de-semana de abril, partindo da igreja da Senhora da Boa Viagem e terminando no Santuário, cerca de 3 dias depois.